quinta-feira, 24 de abril de 2008

OS FILHOS DA MORTE BURRA


Jovens,



sem nenhuma utopia



caminham tensos pelas ruas de suas casas velhas sem nenhuma luz,



sem nenhuma luz de Fernando Pessoa;



fechados nas sexuais telas da impotênciase



masturbam contemplando corpos em decomposição



Norte de minha Fé,



onde estavam o beija-flor e o arco-íris na hora do nascimento dessas criaturas?



Eu entrando na virtuosa idade e eles entrando em idade nenhuma



Quantos raios de flor restam nos corredores dos céus de vossas bocas?



Quais nascentes clamam por seus nomes?



Os filhos da morte burra cheiram o branco pó da anemia,



esqueceram que um dia tocaram na poesia da transgressão



em pleno ventre de suas esquecidas mães;



esqueceram de colar o ouvido ao chão



para ouvir as ternas batidas do coração das borboletas



Os filhos da morte burra,



jamais levantam uma folha para contemplarem o labor dos

insetos;



jamais ergueram uma taça de orvalho brindando a vigorosa lua;



Os filhos da morte burra,



desconhecem ou nunca ouviram falar em iluminação;



abrem a boca apenas para vomitar



(EDU PLANCHÊZ)

Até Quando?


Não adianta olhar pro céu, com muita fé e pouca luta.

Levanta aí que você tem muita greve, você pode, você deve.

Pode crer.

Não adianta olhar pro chão

Virar a cara pra não ver

Se liga aí que te bolaram numa cruz.

E só porque Jesus sofreu, não quer dizer que você tenha que sofrer.

Até quando você vai ficar usando rédia?

Rindo da própria tragédia?

Pobre, rico, ou classe média

Até quando você vai levar cascudo, mudo?

Muda, muda essa postura.

Até quando você vai ficando mudo!

Muda que o medo é um modo de fazer censura.

Até quando você vai levando "PORRADA, PORRADA"!

Até quando você ficar sem fazer nada?

Até quando você vai levando "PORRADA, PORRADA"!

Até quando vai ser saco de pancada?

Você tenta ser feliz, não vê que é deprimente.

Seu filho sem escola, seu velho sem dente.

Cê tenta ser contente e não vê que é revoltante.

Você tá sem emprego e sua filha tá gestante.

Você se faz de surdo, não vê que é absurdo.

Você que é inocente foi preso em flagrante!

É tudo flagrante?

è tudo flagrante!

A polícia matou o estudante, falou que era traficante.

A justiça prendeu o pé-rapado, soltou o deputado.

E absolveu os PMs de Vigário!

A polícia só existe pra manter você na lei.

Lei do silêncio, lei do mais fraco: Ou Aceita ser um saco de pancada ou vai pro saco.

A programação existe para manter você na frente.

Na frente da TV, que é pra você entreter

Que é pra você não ver que o programado é você.

Acordo, não tenho trabalho, quero trabalhar.

O cara me pede o diploma, não tenho diploma.

Não pude estudar.

E querem que eu seja educado, que eu ande arrumado, que eu saiba falar.

Aquilo que o mundo me pede não é o que o mundo me dá.

Consigo um emprego, começa o emprego, me mato de tanto ralar.

Acordo bem cedo, não tenho sossego nem tempo pra raciocinar.

Não peço arreigo, mas onde que chego se eu fico.

No mesmo lugar?

Brinquedo que o filho pede não tenho dinheiro pra dar.

Esmola, esmola!

Favela, cadeia!

Sem terra, enterra!

Sem rendas, se renda! Não! Não!

Muda, que quando a gente muda o mundo muda.

Com a gente. A gente muda o mesmo na mudança da mente.

E quando a gente anda pra frente.

E quando a gente manda.

Ninguém manda na gente, na mudança de atitude não.

Nem doença sem cura.

Na mudança de postura a gente fica mais seguro.

Na mudança do presente a gente molda o futuro.

Até quando você vai levando "PORRADA"!

Até quando vai ficar sem fazer nada?

Até quando você vai ficar de saco de pancada?

Até quando você vai levando?


Letra e música: Gabriel O Pensador.