quinta-feira, 24 de abril de 2008

OS FILHOS DA MORTE BURRA


Jovens,



sem nenhuma utopia



caminham tensos pelas ruas de suas casas velhas sem nenhuma luz,



sem nenhuma luz de Fernando Pessoa;



fechados nas sexuais telas da impotênciase



masturbam contemplando corpos em decomposição



Norte de minha Fé,



onde estavam o beija-flor e o arco-íris na hora do nascimento dessas criaturas?



Eu entrando na virtuosa idade e eles entrando em idade nenhuma



Quantos raios de flor restam nos corredores dos céus de vossas bocas?



Quais nascentes clamam por seus nomes?



Os filhos da morte burra cheiram o branco pó da anemia,



esqueceram que um dia tocaram na poesia da transgressão



em pleno ventre de suas esquecidas mães;



esqueceram de colar o ouvido ao chão



para ouvir as ternas batidas do coração das borboletas



Os filhos da morte burra,



jamais levantam uma folha para contemplarem o labor dos

insetos;



jamais ergueram uma taça de orvalho brindando a vigorosa lua;



Os filhos da morte burra,



desconhecem ou nunca ouviram falar em iluminação;



abrem a boca apenas para vomitar



(EDU PLANCHÊZ)

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